sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Coração de coelho ~ Interlúdio




Durante incontáveis eras, sussurrara os ventos uma magnifica história, que fora contada em forma de belas canções por antigas e sábias árvores. Narrava esta os curtos passos de um jovem garoto. Peril e de piscares tênues. Que possuía como seu único e precioso desejo: adquirir a capacidade de sonhar ao deitar-se no anoitecer de cada dia, para quem sabe desta maneira, refugiar-se da tristeza e crueldade que caminhava sua vida, nos breus do esvaecer do tempo a cada fim de um novo sol. Este ingênuo menino, caminhava cegamente sobre devaneios de quem sabe um dia, poder ele com seus cálidos e ansiosos dedos, tocar os incontáveis sonhos que dançavam ao planarem entre o vazio cinza das cidades no cair da noite. Pertencia ele a uma humilde família, em sua total plenitude e que de poucas refeições e incontáveis provações sempre vivera.

Mas o que esta simples cantiga ou até mesmo as idosas árvores jamais souberam cantarolar, é que em um tênue entardecer de uma longa e floral primavera, onde majestosos raios de sol de um belo laranja avermelhado presenteavam a todos naquela simplória cidadela, este pequeno garoto de sonhos um tanto humildes á demasiado, pode encontrar-se com uma bela borboleta, que ao vê-lo, o confidenciara que jamais havia sido ela uma lagarta, pois fora sim uma criança, uma garota como qualquer outra e que de mesma modo, carregava consigo um lindo sonho em seu desejoso coração:

"O de ganhar os céus sob a bela forma de uma borboleta."

Neste mesmo instante, enquanto o "Jovem que jamais sonhara" como fora o garoto apelidado pela viajante dos ventos, ouvia a história desta sendo narrada por sua suave voz. Este então pode perceber “o por quê?” de sua cabeça ser tão divergente de tudo aquilo que se aguardava de todas demais, o "por quê?" que jamais poderia ele mergulhar nas profundezas inertes de sua imaginação, enquanto entregava-se ao seu leito de descanso durante as delongadas noites. Tudo lhe era evidente. Ele não era apenas o garoto de um único sonho, mas o encarregado de criar e controlar seus diversos mundos, onde apenas cada um obtém o poder de ditar suas próprias regras e leis.

Ainda um tanto preso ao levante de ideias que lhe vinham á cabeça e de modo inocente e um tanto curioso em seus gestos, este pergunta ao belo e majestoso animal dobrador dos ares:

"Poderia você me responder, sobre quantos mundos e realidades é regido este nosso universo?"

E então, a pequena borboleta ao pousar-lhe delicadamente em seu ombro, o responde como em um breve sussurro, enquanto definhava diante dos cobaltos e profundos olhos azuis do curioso garoto:

"Posso simplesmente falar-te, que existe um para cada bater de asas de um beija-flor na floresta..."

E fechando os olhos para o mundo ao seu redor, o pequeno menino pôde finalmente encontrar sua liberdade em seus inúmeros mundos e realidades, enquanto mantinha consigo, o seu forte desejo a cada breve abrir de pálpebras, de poder continuar: a sonhar mais um sonho.


Continua ~

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